CONTROLE E AVALIAÇÃO
BARRÉ, Michel Célestin Freinet: Un éducateur pour notre temps. Bruxelas
(Bélgica): PEMF, 1995.
A aprendizagem da responsabilidade mais
do que a obediência
A
obediência é considerada como uma virtude principal na escola convencional. Por
outro lado, talvez por causa das expressões texto
livre e desenho livre, muitas
pessoas acreditam que a educação baseada na Pedagogia Freinet tem por
característica a liberdade. Para ele, é seguramente um objetivo formar homens
livres, mas é preciso observar que, fora do qualificativo livre junto a algumas atividades, o tema da liberdade da criança
aparece pouco nos escritos. Ele evoca muitas vezes os desejos das crianças
defendendo a ideia de que a educação os deve satisfazer. Por outro lado, sua
pedagogia está sempre subtendida à noção de responsabilidade.
Relendo “A educação pelo trabalho”, constatamos que a responsabilidade está presente em todas as páginas.
Desenvolver ao máximo a responsabilidade
de escolher
No
trabalho individualizado cada criança escolhe e organiza seu trabalho, e essa
liberdade não exclui certas obrigações. O grupo, por sua vez, também é muitas
vezes levado a escolher: vota-se para escolher o texto do dia que será impresso
no jornal, para prosseguir uma atividade coletiva, um objetivo para uma saída. Mesmo
para um passeio nos dias de feriado, Freinet pedia que os adultos de sua escola
de Vence propusessem escolhas tendo em vista a distância, o estado físico do
lugar, o tempo disponível, as motivações, esclarecendo os argumentos a favor e
contra, mas sem decidir autoritariamente em lugar das crianças.
O
fato de se fazer escolhas exige não só a tomada de responsabilidades, mas
também a renúncia, pelo menos temporária, aos outros elementos da escolha. Às
vezes a escolha é uma solução única e frustrante, mas é preciso aprender a decidir
sem se perder em hesitações. É possível reservar momentos posteriores para
realização de outras escolhas, mas é interessante verificar se é possível acumular
vantagens com duas escolhas simultâneas.
A educação para a verdadeira liberdade não é,
absolutamente, uma veleidade. Ela começa assumindo com realismo suas próprias
escolhas.
À procura de uma verdadeira democracia
A lei do maior número nas escolhas coletivas
poderá parecer a lei do mais forte se o objetivo do grupo não levar em conta os
desejos e os interesses de todos, e isso compreende aqueles que não obtiveram a
maioria.
O
formalismo pode provocar uma caricatura de democracia, por isso mesmo, o
educador não deve hesitar em assinalar a qualidade do texto de uma criança que
nunca tenha sido escolhida pela turma como redatora.
Freinet
relembra que não devem sempre os mesmos impor seus pontos de vista, sob o
pretexto de serem mais numerosos ou mais convincentes. Um clima de vida cooperativa
leva as crianças a se preocuparem com os interesses de cada um,
individualmente, no seio do grupo e mesmo fora dele.
É
desse exercício cotidiano que nasce um verdadeiro espírito cívico.
Tradução:
Rosa Maria Whitaker Sampaio – Repef — Núcleo São Paulo
E-mail:
rosamsampaio@uol.com.br Abril/2006
Revisão:
Flávio Boleiz Júnior – Repef — Núcleo São Paulo
E-mail: boleiz@usp.br
Obrigada por esta partilha, Flávio! Já estou compartilhando! Nos ajuda( e muito) a resgatar os porquês de algumas escolhas e apostas que fazemos!
ResponderExcluirFlávio, você tem mais textos relacionados à avaliação e controle?
ResponderExcluirAna Katy