quarta-feira, 10 de abril de 2013

Controle e avaliação


CONTROLE E AVALIAÇÃO

BARRÉ, Michel Célestin Freinet: Un éducateur pour notre temps. Bruxelas (Bélgica): PEMF, 1995.

A aprendizagem da responsabilidade mais do que a obediência

A obediência é considerada como uma virtude principal na escola convencional. Por outro lado, talvez por causa das expressões texto livre e desenho livre, muitas pessoas acreditam que a educação baseada na Pedagogia Freinet tem por característica a liberdade. Para ele, é seguramente um objetivo formar homens livres, mas é preciso observar que, fora do qualificativo livre junto a algumas atividades, o tema da liberdade da criança aparece pouco nos escritos. Ele evoca muitas vezes os desejos das crianças defendendo a ideia de que a educação os deve satisfazer. Por outro lado, sua pedagogia está sempre subtendida à noção de responsabilidade. Relendo “A educação pelo trabalho”, constatamos que a responsabilidade está presente em todas as páginas.

Desenvolver ao máximo a responsabilidade de escolher

No trabalho individualizado cada criança escolhe e organiza seu trabalho, e essa liberdade não exclui certas obrigações. O grupo, por sua vez, também é muitas vezes levado a escolher: vota-se para escolher o texto do dia que será impresso no jornal, para prosseguir uma atividade coletiva, um objetivo para uma saída. Mesmo para um passeio nos dias de feriado, Freinet pedia que os adultos de sua escola de Vence propusessem escolhas tendo em vista a distância, o estado físico do lugar, o tempo disponível, as motivações, esclarecendo os argumentos a favor e contra, mas sem decidir autoritariamente em lugar das crianças.
O fato de se fazer escolhas exige não só a tomada de responsabilidades, mas também a renúncia, pelo menos temporária, aos outros elementos da escolha. Às vezes a escolha é uma solução única e frustrante, mas é preciso aprender a decidir sem se perder em hesitações. É possível reservar momentos posteriores para realização de outras escolhas, mas é interessante verificar se é possível acumular vantagens com duas escolhas simultâneas.
 A educação para a verdadeira liberdade não é, absolutamente, uma veleidade. Ela começa assumindo com realismo suas próprias escolhas.

À procura de uma verdadeira democracia

 A lei do maior número nas escolhas coletivas poderá parecer a lei do mais forte se o objetivo do grupo não levar em conta os desejos e os interesses de todos, e isso compreende aqueles que não obtiveram a maioria.
O formalismo pode provocar uma caricatura de democracia, por isso mesmo, o educador não deve hesitar em assinalar a qualidade do texto de uma criança que nunca tenha sido escolhida pela turma como redatora.
Freinet relembra que não devem sempre os mesmos impor seus pontos de vista, sob o pretexto de serem mais numerosos ou mais convincentes. Um clima de vida cooperativa leva as crianças a se preocuparem com os interesses de cada um, individualmente, no seio do grupo e mesmo fora dele.
É desse exercício cotidiano que nasce um verdadeiro espírito cívico.


Tradução: Rosa Maria Whitaker Sampaio – Repef — Núcleo São Paulo
E-mail: rosamsampaio@uol.com.br  Abril/2006
Revisão: Flávio Boleiz Júnior – Repef — Núcleo São Paulo
E-mail: boleiz@usp.br

2 comentários:

  1. Obrigada por esta partilha, Flávio! Já estou compartilhando! Nos ajuda( e muito) a resgatar os porquês de algumas escolhas e apostas que fazemos!

    ResponderExcluir
  2. Flávio, você tem mais textos relacionados à avaliação e controle?
    Ana Katy

    ResponderExcluir